quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"O maior dos mistérios", segundo Lispector

         "O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser." Mário Quintana

         Queridos leitores, gostaria de começar este texto com alguns questionamentos simples, práticos e objetivos: Alguém tem alguma ideia do que seja realmente o amor? Conseguiria absorver o concreto dessa palavra tão abstrata e traduzi-lo em palavras? 
            Na realidade, nem mesmo antropólogos, sociólogos, filósofos, psicanalistas e muito menos cientistas  conseguiriam explicar tamanha complexidade. Vivemos uma vida inteira procurando a outra metade da laranja, a alma gêmea, a tampa da panela, enfim... alguém que consiga preencher um espaço vazio em nosso coração, e ainda assim, esse tempo muitas vezes é insuficiente. Essa pessoa que tanto buscamos com certeza está na lista de prioridades "DO QUE FAZER EM VIDA" de qualquer ser humano, e aí entra a relatividade: nem todos a encontram, como resultado da singularidade de cada um. Fazer o que, não é? É a vida, oras.
        Mas o que queria mesmo ressaltar - ou melhor, debater - aqui é a diferença entre GOSTAR, APAIXONAR-SE e AMAR. Dizem que é a mesma que entre "AGORA, POR ENQUANTO e PARA SEMPRE"... Mas será que não poderíamos 'gostar para sempre' sem que seja aquele amor de corpo e alma pregado nos romances?? Porém, de uma coisa sabemos: um deve terminar para o outro começar. Gradualmente. O problema é que não sabemos em que tempo e em que espaço isso acontece, já que, naturalmente não decretamos: "Já não é mais paixão. Agora, neste exato momento, é amor". As coisas não funcionam dessa maneira, o coração não consegue reconhecer o que acontece nos intervalos, entende? Sim, intervalos. Aqueles momentos em que tudo se mistura e o cérebro (não podemos nos esquecer que ele existe, não é mesmo?) não julga mais nada por si só: É certo que sentimos algo, mas somos incapazes de definir o que exatamente é.
            E claro, isso independe total e indubitavelmente da outra pessoa - o que avacalha T U D O. "Pô, quer dizer então que, como se não bastasse todo esse conflito dentro de nós mesmos, ainda temos que pensar no OUTRO?" Sim amigo(a), isso é um tanto quanto óbvio, mas é um dos grandes motivos pela não-concretização do 'amar'. Se me permitem acrescentar um pouquinho de Literatura neste texto tão casual, os ultrarromânticos sabiam muito bem disso - precisamos amar sim, mas também, ser amados. São necessidades vitais - e inevitavelmente conjugadas - de qualquer pessoa. Quando somos crianças, o amor de nossa família é o suficiente: amamos na mesma proporção em que somos amados e isso já nos completa. No entanto, crescemos e nem toda a evasão que propunham os seguidores de Lord Byron seria capaz de fugir da realidade de que nem sempre seremos amados por quem e/ou como desejamos. 
            Se você acredita que essas duas vertentes ocorrem da mesma maneira, tudo bem, parabéns - gostaria de dizer que tem muita sorte mesmo! Mas eu, em particular, não creio que haja um amor totalmente correspondido: se não for platônico por inteiro, acredito no sentimento "meio platônico, meio aristotélico" pelo simples fato de que um sempre ama e se entrega mais que o outro - ainda que secretamente.
              Enfim, estes são casos que fazem parte do universo desse estranho elemento chamado de AMOR. Ninguém pode impedir que aconteça com cada de um de nós, e é por isso que muitas vezes, dói. Seja qual for a história, alguns acidentes de percurso podem acontecer e o que quero dizer com tudo isso é que, independente da situação, é importante que saibamos lidar com os obstáculos, dar a volta por cima e estar pronto para seguir em frente e amar mais uma vez. Afinal, marcas ficam, mas a sensibilidade precisa continuar.
              "Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir." CaioFAbreu