terça-feira, 29 de outubro de 2019

Prefiro ser essa metamorfose ambulante


Já diria Chico Buarque: "As pessoas têm medo das mudanças, eu tenho medo que as coisas nunca mudem." Sempre tive curiosidade em saber a razão do receio pela mudança que a maioria das pessoas têm, uma vez que a estagnação nunca foi o meu forte. Me incomoda observar pessoas sem ambição, sonhos ou qualquer coisa do tipo e sim, nada disso é problema meu, mas é muito triste pensar que a rotina - nem sempre fácil - seja motivo suficiente para alguém acordar todos os dias. E foi em virtude desse meu descontentamento com tantas questões humanas, que procurei a luz no fim do túnel da psicanálise.

Não, meu intuito neste parágrafo não é fazer propaganda de livros Freudianos, mas sim citar um dos meus insights durante essa jornada que mudou minha vida. Certo dia, perguntei à minha terapeuta: "Por que as pessoas não podem mudar se eu quero tanto mudar?". Ela olhou fundo nos meus olhos e apenas disse de forma serena: "Repita essa frase". Quando repeti, encontrei a resposta que tanto procurava: a predileção pela zona de conforto, um ambiente totalmente oposto à uma sala de terapia.

Quem conhece tal ambiente sabe que é impossível mudar o pensamento e as atitudes alheias, mas minha insensata teimosia insistia em tentar reverter esse quadro. A partir de então, comecei a relatar questões abordadas nas minhas sessões para minha família e amigos, na ânsia de fazê-los mudar de ideia, se mexerem, saírem da estabilidade que mais parece uma areia movediça na realidade. Ao invés de sanar meus próprios problemas diretamente, tentava ajudar os outros que, adivinhem, não queriam ser ajudados. Decepção. Tiro saindo pela culatra. Eu jogando o dinheiro da minha terapia no lixo.

Mas o grande paradoxo nisso tudo é que as coisas mudam independente de nossa vontade: Pessoas que mais amamos se afastam, mudam de país ou partem para sempre. A sorveteria que existia antes em uma determinada esquina já não está mais lá. Amigos casam, têm filhos, trocam suas prioridades. Mudamos de opinião, de dieta, de casa, de sonhos. Envelhecemos.

Eu, que sou grande fã da mudança, já quis interromper esse ciclo não por medo das rugas, mas das partidas. Sinto falta da rotina com a minha família, lamento por não ter mais amigos queridos por perto, gostaria de tomar o sorvete naquele lugar especial e de principalmente, permanecer livre. Isso me machucou tanto que quis não crescer mais numa espécie de Síndrome de Peter Pan, para que as coisas permanecem o mais fidedignas possíveis às minhas lembranças mais deliciosas. Naquele momento, questionei Chico.

De qualquer forma, nada adianta a forma como me sinto em relação a isso. Nada muda em relação ao fato de que tudo muda. A vida continua de uma forma ou de outra, com ou sem fulano, ciclano ou beltrano e o tempo e a energia que estava perdendo em minhas lamentações/decepções só me deixavam mais longe dos meus sonhos e da minha vontade de viver. Com isso, não conseguia enxergar a minha evolução, o quão fortalecedora foi minha caminhada, as derrotas e vitórias que hoje fazem parte de quem eu sou. Essa metamorfose de emoções dentro de mim me definiram mas não foi definitiva... Ela é tão confusa e persistente, mas isso é talvez assunto para um outro texto. Até lá, pode ser que tudo mude de novo.









                                                      

sábado, 5 de janeiro de 2019

Como pode algo tão abstrato como a saudade 
ter que preencher o espaço que até então era seu
aqui na cama
nos cafés
nos bares, restaurantes e cinemas
na minha memória
Como a gente diz adeus para o que até ontem era certo
para dar lugar à insegurança de um amanhã
que não vai começar com você me acordando
Como deixar partir as borboletas que moravam no meu estômago
(elas sempre davam sinais de vida quando você chegava perto)
Como trocar as escovas de dente
acariciar outro tipo de cabelo
sentir outro perfume
Como entender que os sentimentos se confundem e se transformam
e ver que talvez não fosse amor

quarta-feira, 8 de março de 2017

Metamorfose

Hoje decido acordar
e acender as luzes desse quarto escuro
que você deixou pra trás.
Hoje tornaram-se espinhos
suas palavras que sempre foram alento.
As lembranças antes aqui vívidas
se esvaem no fluxo contínuo
do seu esquecimento.
O calor do seu abraço
Hoje é tão frio quanto sua indiferença
Mas só por hoje
não lamentarei essas transformações
e superarei o que antes parecia inabalável.
Só por hoje.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Meu coração de menina
Uma vez acreditou
Que eu pudesse ter aquilo que
A imaginação cobrasse
E o desejo sussurrasse
Nestes ouvidos que só então
Haviam testemunhado um tipo de amor
Puro e incondicional
Meu coração de repente
Passou a achar que pudesse
Também
Dar um sentimento assim
Parecido com a arte feita pelos querubins
Enquanto se regozijam no colo de Deus
Meu coração um dia
Te encontrou
Te desejou
Te vislumbrou
Achando que fosse possível
Amar um amor simples
Digno de conto de fadas
Ele achou que teria vez
Com alguém que já teve o coração estraçalhado
Mais de uma;
Achou que pudesse ser querido
Apenas pelo fato de querer tanto,
Como se o amor obedecesse às leis da Física
Como se a reação fosse sempre reciprocidade.

sábado, 1 de agosto de 2015



O pior de tudo
é ser obrigada a conviver
com sua ausência
com suas roupas ainda na gaveta
com seu café ainda na xícara
com seu cheiro ainda no meu corpo.
Essas pegadas
me levam a lugar nenhum
senão ao caminho da despedida
À última briga
Ao olhar indiferente
Ao desenlace das mãos.
O pior de tudo
é te ver indo embora todos os dias
No looping da memória
Pois bem mais desesperador
É brigar contra lágrimas
Abrir os olhos para os erros cometidos
Desfazer o laço apertado dos sentimentos.
O pior de tudo
é trancar de vez
A porta e o coração
que você deixou para trás.

Out of the Box

Olá!
Hoje tenho uma publicação fora do comum para fazer. Primeiro, porque tenho andado em falta com o blog...  Isso pois me mudei para Boston!!! :D
Foi uma preparação corrida, mas que valeu a pena. Ficarei aqui por mais um ano estudando na Boston University. (Ao longo de post, você poderá ver algumas fotinhas)



Tenho um curso de inglês de 6 semanas, que btw, já está chegando ao fim. Depois disso, FÉRIAS!!!! \o/
Para então, começar o programa acadêmico em Biomedical Sciences.
O curso que estou fazendo nos dá muito homework mas também nos oferece a oportunidade de explorar a cidade e a cultura bostoniana. Tivemos a oportunidade de ir a Revere Beach (a praia mais antiga de Boston), ao aquário (inacreditável a diversidade de espécies!), Harvard (meu Deus quero estudar lá!), a casa do ex-presidente John Kennedy... Além disso, fizemos um cruzeiro durante do sunset e assistimos ao maravilhoso Cirque du Soleil. Tenho certeza que está sendo uma experiência única e que aprenderei muuuuuito durante este 1 ano!

Tudo aqui é lindo e calmo; cheira a cidade de interior. O pôr-do-sol no pier do Charles River é um espetáculo a parte... Sentimos as energias sendo repostas, a paz na alma.
Tudo é beeeem diferente do Brasil e, em geral, é melhor (exceto a comida, que argh!). Nunca pensei que fosse gostar tanto de um lugar! (Embora sinta muita falta dos brasileiros).
Com tudo isso acontecendo, só tenho uma coisa a dizer: Obrigada, Senhor!



Enfim, é isso aí! Agora tratarei de tirar o atraso e postar o poema quentinho, recém-saído do forno.
Beeeeeijos, e obrigada!!

sexta-feira, 1 de maio de 2015

"Cada instante é sempre"

Pouco tempo: Eis o que nos resta.
As horas irrompendo dias, meses e anos 
Frente ao que sempre soubemos que aconteceria.
O tilintar do relógio grita em meus ouvidos 
a passagem de cada segundo, 
Lembrando-me que se aproxima o momento 
dos nossos corpos se separarem
dos nossos corações se distanciarem 
dos nossos pensamentos se esmaecerem. 
Porque é sabido que mais etéreo que a vida
são os relacionamentos;
que o tempo é o mais cruel de todos os criminosos
Não espera, apenas escorre entre nossos dedos
E os separa no enlace de nossas mãos.