quinta-feira, 5 de julho de 2012

Amor e outras drogas

Um vício chamado SENTIMENTO. Sem lógica, sem explicação e sem volta: como qualquer outro.
Não acredito na cura total do viciado em questão. A sombra da recaída sempre o estará rondando e procurando frestas, um único momento de distração para voltar ao controle.
Quando começamos a amar alguém, nem sequer sabemos se é amor. Só nos damos conta do que está acontecendo quando já estamos inertes, mergulhados até o último fio de cabelo nesse líquido incolor, inodoro e que definitivamente não é indolor.
Muitas vezes, nem chegamos a saber se era realmente amor. É difícil definir sentimentos, nomeá-los e a partir daí, escolher o tratamento. Tudo se mistura, se confunde, se esvai.
Encantos terminam, outros começam e, de repente, parece que o vício se rompe. Não tem mais o mesmo cheiro, a mesma textura, o mesmo paladar. Acabou.
Tantos anos de dedicação à alguém, de cuidado à esse sentimento. Sim, porque amor é droga que criamos dentro de casa. No quintal, é a maconha ilícita, perigosa, bomba-relógio. A prova viva dos nossos maiores delírios e medos, mas nosso refúgio, porto seguro, razão de continuar vivendo. Somos produtores, traficantes e usuários... Assim: simultaneamente.
E então: ABSTINÊNCIA! Sensação de loucura e inquietação. Acabou? Acabou mesmo? Ao mesmo tempo em que pode ser reconfortante e aliviador, abster-se pode danificar mais nossos corações. Aquela droga era a energia para respirar, comer, dormir, andar de bicicleta, correr atrás do cachorro, viver, sonhar. Uma faca de dois gumes.
Não! Não pode terminar! Não quero, não posso, não consigo!
Você é minha doença e minha cura. E sempre vai ser sim.





(Dedicado à Mariana Squinca.)