quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Relembrando momentos, remexendo nos baús do passado, penso comigo mesma que as coisas poderiam ter sido diferentes. Você não me olhou como eu queria, eu não te dei a oportunidade. Os inúmeros "SE" me fazem girar em um mundo subjuntivo de meras hipóteses, quando penso que deveria ter me arriscado e me entregado mais.
Como pode não ter acontecido? Se o que te dei foi mais do que poderia dar a qualquer pessoa; se te amei mais do que a mim mesma?
Tinha vontade de te ouvir sussurrando em meu ouvido as coisas que ilusionei. Passei noites em claro planejando um futuro pra nós, imaginando que, quiçá um dia, você me enxergaria do jeito que sempre quis. (Sim, você me veria!). Esperava incansavelmente com a avidez e a inocência de uma criança que espera pelo presente, a cada mínimo segundo, por você... E ainda espero. Quem ainda ousa dizer que isso não é amor?
Apesar de todas as rejeições, de toda a loucura e de todos esses anos, ainda sofro com a possibilidade de ter dado certo. Você continua sendo o episódio não superado, o cara dos meus sonhos, o refúgio do fim de domingo, o pai dos meus filhos, a alegria que poderia ter vivido.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Amor e outras drogas

Um vício chamado SENTIMENTO. Sem lógica, sem explicação e sem volta: como qualquer outro.
Não acredito na cura total do viciado em questão. A sombra da recaída sempre o estará rondando e procurando frestas, um único momento de distração para voltar ao controle.
Quando começamos a amar alguém, nem sequer sabemos se é amor. Só nos damos conta do que está acontecendo quando já estamos inertes, mergulhados até o último fio de cabelo nesse líquido incolor, inodoro e que definitivamente não é indolor.
Muitas vezes, nem chegamos a saber se era realmente amor. É difícil definir sentimentos, nomeá-los e a partir daí, escolher o tratamento. Tudo se mistura, se confunde, se esvai.
Encantos terminam, outros começam e, de repente, parece que o vício se rompe. Não tem mais o mesmo cheiro, a mesma textura, o mesmo paladar. Acabou.
Tantos anos de dedicação à alguém, de cuidado à esse sentimento. Sim, porque amor é droga que criamos dentro de casa. No quintal, é a maconha ilícita, perigosa, bomba-relógio. A prova viva dos nossos maiores delírios e medos, mas nosso refúgio, porto seguro, razão de continuar vivendo. Somos produtores, traficantes e usuários... Assim: simultaneamente.
E então: ABSTINÊNCIA! Sensação de loucura e inquietação. Acabou? Acabou mesmo? Ao mesmo tempo em que pode ser reconfortante e aliviador, abster-se pode danificar mais nossos corações. Aquela droga era a energia para respirar, comer, dormir, andar de bicicleta, correr atrás do cachorro, viver, sonhar. Uma faca de dois gumes.
Não! Não pode terminar! Não quero, não posso, não consigo!
Você é minha doença e minha cura. E sempre vai ser sim.





(Dedicado à Mariana Squinca.)

terça-feira, 22 de maio de 2012

"interpolaridade"


Depois de muito tempo, voltei a pensar no assunto. No nosso assunto.
E analisando minuciosamente cada fato, cheguei à conclusão de que realmente nunca fui a mulher (per)feita pra você.
Não sou dessas que se arrastam no chão por um homem, que passam noites insones remoendo mágoas do passado, que se debulham em lágrimas ao apenas ler um cartão ou e-mail não respondido. Não fico fazendo declarações de amor virtuais, não tiro fotos de beijos e alianças, não digo "Eu te amo" em tempo integral.
Não sou aquela que se rebaixa pra ficar contigo.
Sinto saudade, mas tenho meu orgulho.
Sou sensível, mas também destilo veneno.
Sou delicada, mas tenho espinhos.
Sou doce, mas nas minhas veias também percorre o ácido.
Sou inocente, contudo posso ser culpada.
Sou bonança, mas dentro de mim, há tempestade.
Sou mocinha, mas ostento minhas armas de vilã.
Te amo, mas descobri que sou demais pra você.


sábado, 12 de maio de 2012

Cotidiano


Escutar seu nome;
Sentindo o coração apertado.
Reler suas cartas;
Rompendo as cicatrizes.
Sentir seu cheiro;
Percebendo o tremor de cada ponto da minha pele.
Ver suas fotos;
Me perdendo no tempo.
Relembrar conversas;
Mergulhando na bipolaridade entre gargalhadas e suspiros profundos.
Sonhar com você;
Lamentando o amanhecer.
Te amar;
Vivendo as distâncias que há entre nós.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"O maior dos mistérios", segundo Lispector

         "O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser." Mário Quintana

         Queridos leitores, gostaria de começar este texto com alguns questionamentos simples, práticos e objetivos: Alguém tem alguma ideia do que seja realmente o amor? Conseguiria absorver o concreto dessa palavra tão abstrata e traduzi-lo em palavras? 
            Na realidade, nem mesmo antropólogos, sociólogos, filósofos, psicanalistas e muito menos cientistas  conseguiriam explicar tamanha complexidade. Vivemos uma vida inteira procurando a outra metade da laranja, a alma gêmea, a tampa da panela, enfim... alguém que consiga preencher um espaço vazio em nosso coração, e ainda assim, esse tempo muitas vezes é insuficiente. Essa pessoa que tanto buscamos com certeza está na lista de prioridades "DO QUE FAZER EM VIDA" de qualquer ser humano, e aí entra a relatividade: nem todos a encontram, como resultado da singularidade de cada um. Fazer o que, não é? É a vida, oras.
        Mas o que queria mesmo ressaltar - ou melhor, debater - aqui é a diferença entre GOSTAR, APAIXONAR-SE e AMAR. Dizem que é a mesma que entre "AGORA, POR ENQUANTO e PARA SEMPRE"... Mas será que não poderíamos 'gostar para sempre' sem que seja aquele amor de corpo e alma pregado nos romances?? Porém, de uma coisa sabemos: um deve terminar para o outro começar. Gradualmente. O problema é que não sabemos em que tempo e em que espaço isso acontece, já que, naturalmente não decretamos: "Já não é mais paixão. Agora, neste exato momento, é amor". As coisas não funcionam dessa maneira, o coração não consegue reconhecer o que acontece nos intervalos, entende? Sim, intervalos. Aqueles momentos em que tudo se mistura e o cérebro (não podemos nos esquecer que ele existe, não é mesmo?) não julga mais nada por si só: É certo que sentimos algo, mas somos incapazes de definir o que exatamente é.
            E claro, isso independe total e indubitavelmente da outra pessoa - o que avacalha T U D O. "Pô, quer dizer então que, como se não bastasse todo esse conflito dentro de nós mesmos, ainda temos que pensar no OUTRO?" Sim amigo(a), isso é um tanto quanto óbvio, mas é um dos grandes motivos pela não-concretização do 'amar'. Se me permitem acrescentar um pouquinho de Literatura neste texto tão casual, os ultrarromânticos sabiam muito bem disso - precisamos amar sim, mas também, ser amados. São necessidades vitais - e inevitavelmente conjugadas - de qualquer pessoa. Quando somos crianças, o amor de nossa família é o suficiente: amamos na mesma proporção em que somos amados e isso já nos completa. No entanto, crescemos e nem toda a evasão que propunham os seguidores de Lord Byron seria capaz de fugir da realidade de que nem sempre seremos amados por quem e/ou como desejamos. 
            Se você acredita que essas duas vertentes ocorrem da mesma maneira, tudo bem, parabéns - gostaria de dizer que tem muita sorte mesmo! Mas eu, em particular, não creio que haja um amor totalmente correspondido: se não for platônico por inteiro, acredito no sentimento "meio platônico, meio aristotélico" pelo simples fato de que um sempre ama e se entrega mais que o outro - ainda que secretamente.
              Enfim, estes são casos que fazem parte do universo desse estranho elemento chamado de AMOR. Ninguém pode impedir que aconteça com cada de um de nós, e é por isso que muitas vezes, dói. Seja qual for a história, alguns acidentes de percurso podem acontecer e o que quero dizer com tudo isso é que, independente da situação, é importante que saibamos lidar com os obstáculos, dar a volta por cima e estar pronto para seguir em frente e amar mais uma vez. Afinal, marcas ficam, mas a sensibilidade precisa continuar.
              "Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir." CaioFAbreu

sábado, 1 de outubro de 2011



"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." Mário Quintana



          Hoje se inicia um novo mês, uma nova esperança. Por que, então, não falar sobre renovação, ou melhor, felicidade?
          Todos sabemos que, cada um de nós, caro leitor, é feliz de alguma forma. E o ser humano, tão frágil que  é, se encontra submisso a essa força maior: a sede de felicidade. Acredito fielmente que um texto é mais do que um conteúdo narrativo, lúdico, informativo ou qualquer coisa do gênero; por isso me atrevo a trocar informações e sentimentos com quem estiver lendo estes textos. Com base nisso, digo-lhes (e acabo por desabafar) que sou um tanto paradoxo: 'Eu quero muito, eu quero mais, eu quero tudo', citando Caio Abreu, e ao mesmo tempo posso ser feliz com tão pouco.
           Para mim, é mais importante sentir do que ter - reunir amigos, encontrar alguém que me deixa saudades, relembrar momentos, sorrir e fazer o outro sorrir, amar e ser amado... Isso é o que mais importa. Destacar esse tipo de coisa se torna cada mais essencial nesse mundo de cobiça, promiscuidade e hipocrisia: quantas pessoas se satisfazem com aquilo que é banal e acabam se perdendo nessa busca pela felicidade?
            Pensando nisso, resolvi listar alguns fatores em um pequeno guia, que talvez possa nos ajudar a encontrar a verdadeira felicidade:
Ela dificilmente estará nas roupas de marca, nas jóias, nos perfumes, no status ou em qualquer coisa relacionada ao glamour e bens materiais. Lembre-se de que a estética é efêmera e passa num piscar de olhos.
Olhe para dentro de si. Perceba o que ou quem te faz abrir um sorriso sincero.
Dê valor e atribua sentimentos a essas coisas/pessoas. Esteja perto, abrace e se deixe abraçar, converse, discuta porém ouça e perdoe!
"Seja alguém simples. Seja algo que você ama e entende. Esqueça o resto, tudo que você precisa está na sua alma... e em seu coração." ¹
           A verdade é que ser feliz não segue regras, assim como a vida não possui um manual de instruções. Acordamos, sobrevivemos, lutamos, quebramos a cara, descobrimos que não existe um destino final chamado FELICIDADE, e por fim aprendemos que ela é somente um estado de espírito, algo que temos que buscar em cada mínimo detalhe.


1) Citação de Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Mania de esperar que as coisas sejam dum jeito determinado, por isso a gente se decepciona e sofre."
Caio Fernando Abreu

Eu falho, nós falhamos (e como!). Colocamos expectativas demais em cada ato, esperamos vitórias e o orgulho de quem amamos sempre. E o que acontece? A esperança desaparece quando erramos ou nos omitimos em algo que tinha a obrigação de dar certo.
          Nós humanos acumulamos muitos vícios em vida. Mas o maior - e indiscutivelmente incurável - dentre todos se chama ESPERANÇA. Realmente não é clichê: ela é a última a morrer. Até mesmo nos últimos instantes, em cada cantinho de nossa mente e de nosso coração, a dita cuja está ali, sendo alimentada por um desejo incontrolável de que tudo funcione. E é aí onde mora o erro.
          Desejamos tudo aquilo que nossos braços puderem abraçar - e mais além: desejamos o infinito! Muitas vezes, cobramos demasiadamente de nós mesmo, arriscamos todo o poder de nossa capacidade e quando a derrota chega, o fracasso corrói L E N T A M E N T E cada mínima parte da auto-estima que ainda resta.
          Começar do zero não é a parte mais difícil, definitivamente. A verdadeira dor é a de decepcionar: ver que quem gosta da gente se perde no próprio olhar e não consegue articular uma palavra; é se dar conta de que eles fizeram e continuam fazendo tudo por nós, sem que possamos retribuir à altura.
           De qualquer modo, de mãos atadas, não resta alternativa: temos que seguir a diante sem olhar para trás.
         "Sem revolta, ela aceitava. E chorava pela perdição de aceitar o que não pode ser modificado." Caio Fernando Abreu